A fermentação natural como herança cultural: tradições preservadas ao redor do mundo

Samantha Perlanovx
By Samantha Perlanovx 5 Min Read
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Geanderson Bertoldi dos Santos

Conforme pontua o chef Geanderson Bertoldi dos Santos, premiado pela revista Panificação Brasileira, por 5 vezes consecutivas como um dos melhores padeiros do Brasil, a fermentação natural é um processo ancestral que transformou a maneira como os humanos preservam e preparam alimentos. Essa técnica, que utiliza microrganismos presentes no ambiente para fermentar alimentos, não apenas aumenta sua durabilidade, mas também enriquece seu valor nutricional e sabor. 

Ao redor do mundo, várias culturas mantêm vivas as tradições de fermentação natural, preservando métodos que foram passados de geração em geração. Neste artigo, iremos  explorar como essas práticas são mantidas em diferentes regiões, destacando sua importância, tanto cultural quanto nutricional.

Leia para saber mais sobre o assunto! 

Como a fermentação natural é utilizada na culinária asiática?

Na Ásia, a fermentação natural é uma parte integral da culinária, com uma rica diversidade de alimentos fermentados. No Japão, o miso e o shoyu (molho de soja) são produtos fermentados que formam a base de muitos pratos tradicionais. Como explica o chef Geanderson Bertoldi dos Santos, o miso é uma pasta feita de soja fermentada, sal e koji (um tipo de fungo), usado em sopas e marinadas. O processo de fermentação não só preserva esses alimentos, mas também intensifica seus sabores umami, tornando-os elementos essenciais na cozinha japonesa.

Na Coreia, o kimchi é um exemplo emblemático de como a fermentação natural é central na alimentação. Feito de vegetais como repolho e rabanete, o kimchi é fermentado com alho, gengibre, pimenta vermelha e outros temperos. Esse prato não só adiciona um sabor picante e complexo às refeições, mas também é conhecido por seus benefícios probióticos, ajudando na digestão e na saúde intestinal. A tradição de fazer kimchi, conhecida como “kimjang”, foi até reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, sublinhando sua importância cultural.

Quais são os exemplos de fermentação natural na Europa?

Na Europa, a fermentação natural tem sido uma técnica crucial para a preservação de alimentos, especialmente em regiões com invernos rigorosos. Na Alemanha, o chucrute é um prato tradicional de repolho fermentado que tem sido consumido há séculos. Este processo de fermentação, que pode levar semanas, preserva o repolho e o enriquece com vitaminas C e K. O chucrute é frequentemente consumido com carnes e batatas, proporcionando um contraste ácido e crocante.

Na França, os queijos de leite cru são uma verdadeira herança cultural, e a fermentação natural desempenha um papel crucial em sua produção. Variedades como Roquefort, Camembert e Brie são produzidas utilizando culturas bacterianas específicas que fermentam o leite, desenvolvendo sabores complexos e texturas distintas. Segundo enfatiza o chef Geanderson Bertoldi dos Santos, a regulamentação francesa protege esses métodos tradicionais, garantindo que a produção artesanal continue a ser valorizada e preservada.

Como as Américas preservam suas tradições de fermentação natural?

De acordo com o chef Geanderson Bertoldi dos Santos, a fermentação natural também tem uma presença significativa nas Américas, especialmente entre as comunidades indígenas e rurais. No México, o pozol é uma bebida fermentada feita de milho nixtamalizado, que tem raízes profundas na cultura maia. Este processo de fermentação não só preserva o milho, mas também o torna mais nutritivo, liberando vitaminas e minerais que são mais facilmente absorvidos pelo corpo.

Nos Estados Unidos, o interesse por alimentos fermentados tem crescido, especialmente em movimentos de alimentação saudável e sustentável. A tradição de fazer pão de fermentação natural, ou sourdough, tem sido revitalizada. Utilizando uma mistura de farinha e água fermentada por bactérias e leveduras selvagens, o pão de fermentação natural é conhecido por sua digestibilidade e sabor único. Muitos padeiros artesanais e caseiros estão redescobrindo essas técnicas antigas, contribuindo para um renascimento das práticas de fermentação natural.

Conclusão

A fermentação natural é muito mais do que um método de preservação de alimentos; é uma herança cultural que conecta gerações e comunidades ao redor do mundo. Desde o miso no Japão até o chucrute na Alemanha e o pozol no México, cada cultura tem suas próprias técnicas e tradições que celebram a arte da fermentação. Conforme ressalta o chef Geanderson Bertoldi dos Santos, preservar essas práticas não só mantém viva a história e identidade cultural de cada região, mas também promove uma alimentação mais saudável e sustentável. A redescoberta e valorização dessas tradições são essenciais para a continuidade dessa herança rica e saborosa.

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